1.Que doença é causada pelo rotavirus? Quais são seus sintomas?
O Rotavirus causa uma doença de via orofecal, caracterizada por diarréia, desidratação, febre e vômitos. Podem ainda ocorrer casos assintomáticos. É de risco especial para crianças, e o aleitamento materno é importante como imunizador passivo. Creches e escolas são locais importantes para a transmissão. Como toda doença que tem a transmissão pela via orofecal, a higiene pessoal e saneamento básico são importantes profilaxias. Já existe vacina contra o rotavirus. O tratamento é feito através do soro caseiro, como forma de recompor os eletrólitos perdidos na diarréia (esse é o tratamento comum a todas as doenças que causam diarréia). A doença é autolimitada, isto é, cessa sem intervenção médica (o que justifica o tratamento baseado apenas na reposição de eletrólitos). Como o agente etiológico é um vírus, antibióticos não são recomendados.
O agente etiológico é um vírus de RNA duplo, sem envelope de dupla camada lipídica e muito resistentes. O diagnostico é feito a partir de exame de fezes submetido a testes sorológicos.
Ocorrência de mortalidade por rotavirus
Construção de um modelo para o Rotavirus, com base nas proteínas que nele ocorrem
Abaixo, uma entrevista dos médicos Drauzio Varela e Gabriel Oselka, retirada do site www.drauziovarella.com.br/entrevistas/rotavirus.asp .
”Drauzio – Como você diferencia a diarréia provocada por rotavírus, da bacteriana ou da provocada por toxina de estafilococos, a mais comum de todas?
Gabriel Oselka – Não é fácil, mas existem certas características que ajudam a fazer o diagnóstico diferencial. Uma delas é a época do ano em que a doença é prevalente. Em regiões de clima temperado, por exemplo nos estados do sul e do sudeste do Brasil, diarréia por rotavírus acontece mais nos meses frios, ao contrário dos outros tipos de diarréia que ocorrem mais no verão. Nos estados do norte e nordeste, essa sazonalidade não é tão marcante. Outra característica a ser considerada para diagnóstico é o aspecto das fezes. Diarréia causada por rotavírus geralmente é aquosa, sem os sinais de muco e de sangue comuns em algumas diarréias bacterianas. O diagnóstico preciso, porém, depende de exames laboratoriais específicos.
Drauzio – Existem exames laboratoriais para diagnosticar a infecção por rotavírus?
Gabriel Oselka – Existe um exame rápido, sensível e bastante específico para determinar a presença do rotavírus nas fezes. Aliás, esse método de diagnóstico tem-se tornado cada vez mais acessível à população. Talvez, essa seja a razão do maior número de casos diagnosticados.
Drauzio – Quantos dias costuma durar o quadro clínico da diarréia?
Gabriel Oselka – Geralmente, a diarréia desaparece em três ou quatro dias, se não ocorrerem complicações. A excreção do vírus pode demorar um pouco mais, entretanto o período de contagiosidade maior em crianças imunocompetentes está praticamente restrito à fase em que a doença é mais intensa.
Drauzio – Quem é infectado pelo rotavírus uma vez está imunizado contra a doença?
Gabriel Oselka – Ao contrário do sarampo e da catapora, por exemplo, que quem teve uma vez está livre da doença para sempre, a infecção por rotavírus não imuniza o paciente. Isso acontece porque existem tipos diferentes de rotavírus e o organismo se defende criando proteção específica para o agente de determinada infecção. No entanto, desenvolve também um grau de proteção que chamamos de cruzada. Ou seja, se uma criança é infectada por um dos tipos de rotavírus aos sete meses de idade, esse episódio tende a ser o mais grave que terá na vida. Caso se infecte com outro tipo de rotavírus, quando tiver um ano e meio, terá adquirido proteção parcial e a diarréia provavelmente será menos grave.
Drauzio –Você tem falado muito na diarréia por rotavírus em crianças. Adultos também podem ser infectados?
Gabriel Oselka – Existem casos de infecção por rotavírus em adultos. Não é raro a mãe, o pai ou outra pessoa que tenha mantido contato próximo com a criança com diarréia manifestar a doença. Nos adultos, porém, ela costuma ser mais benigna, pois, na maioria das vezes, já foram infectados anteriormente por outro tipo de rotavírus e desenvolveram proteção cruzada. Isso não quer dizer que estejam livres de apresentar episódios de diarréia graves, mas nunca com a mesma freqüência das crianças.”