Celulando

24.6.06

DOENÇAS VIRÓTICAS

CLIQUE AQUI PARA VER O TEXTO DA AULA PROGRAMADA.

20.6.06

AULAS DO PRE-ENEM

caros alunos,

devido ao concurso da prefeitura que farei no domingo, nao poderei postar as aulas até segunda, dia que também tenho uma complicada prova de fisiologia. O concurso foi avisado ontem, em cima da hora, entao tenho pouco tempo para preparaçao. peço novamente desculpas e compreensão. semana que vem postarei as aulas. Se Deus quiser.


um abraço

Coala

17.6.06

Células tronco

Em meio à discussão ética, a pesquisa avança em todo o mundo

(retirado de http://www.comciencia.br/reportagens/celulas/03.shtml)

"Há tempos a comunidade científica internacional discute o potencial para a medicina, os riscos e os aspectos éticos de estudos envolvendo células-tronco. Os que defendem a necessidade de pesquisas com células-tronco embrionárias garantem que elas podem representar grande esperança para o tratamento de doenças como mal de Parkinson e diabetes. Entre os opositores ao uso de embriões em pesquisas, há os que apontam as células-tronco adultas como uma alternativa viável e eticamente razoável para os mesmos fins. Ambas as vertentes já deram resultados promissores, mas ainda há muito a ser feito para que os testes feitos com cobaias de laboratório possam gerar novos tratamentos em humanos.

Entre os mais recentes resultados, uma equipe da Universidade de Toronto, do Canadá, liderada por Duncan Stewart, apresentou no ano passado, na Sessão Científica da American Heart Association, um estudo sobre a restauração da circulação sanguínea em ratos afetados por hipertensão arterial pulmonar, a partir de células-tronco da medula óssea transplantadas para vasos sanguíneos pulmonares.

Nesse mesmo evento, pesquisadores alemães da Universidade de Dusseldorf apresentaram os primeiros resultados de transplantes de células-tronco retiradas de medula óssea em seres humanos com problemas cardíacos. Essa pesquisa, realizada com 40 pacientes - 20 que se submeteram ao transplante e 20 de um grupo de controle -, indicou que três meses após o tratamento a partir de células-tronco, a fração do sangue bombeado pelo coração dos pacientes passou de 55% para 65%, e o percentual de tecido cardíaco danificado passou em média de 33% para 14%.

"O grupo alemão trabalhou com pacientes que tinham infarto agudo. A fração de ejeção [de sangue] dos pacientes alemães, pelo fato de serem pacientes de infarto agudo, é em geral maior que a de pacientes com infarto crônico", comenta o pesquisador Antonio Carlos Campos de Carvalho, do Laboratório de Cardiologia Celular e Molecular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). "Mas isto não diminui de maneira nenhuma a importância dos resultados do grupo alemão. Os resultados obtidos na Alemanha mostram que se pode aplicar as terapias ao infarto agudo, e assim, evitar que os pacientes evoluam para um quadro de insuficiência cardíaca muito comum após o infarto", acredita.

Outro estudo que também já deu resultados com um grupo restrito de humanos que se submeteram a transplantes foi realizado pela equipe de Jonathan Lakey, da Universidade de Alberta, no Canadá, com pacientes com diabetes do tipo 1. Essa doença é causada pela redução de disponibilidade ou perda de sensibilidade à insulina, hormônio que regula os níveis de açúcar no sangue e é secretado pelo pâncreas. A partir de células pancreáticas de órgãos doados, os pesquisadores induziram a maturação in vitro de células-tronco de ilhotas, que são as precursoras das células produtoras de insulina. Dos 38 pacientes que se submeteram ao transplante, após um ano, 33 estavam livres da terapia com insulina.

As aplicações das pesquisas com células-tronco, no entanto, ainda são restritas em relação a seres humanos, e além disso os tratamentos já disponíveis são caros e nem sempre dão resultado positivo. Em novembro de 2003, a Associated Press noticiou a morte de um garoto de quatro anos de idade na Califórnia, nos Estados Unidos, uma semana após ele ter recebido o transplante de células-tronco retiradas do cordão umbilical de um recém-nascido. O garoto sofria de síndrome de Sanfilippo, uma doença rara que causa em crianças a perda gradativa da capacidade de falar e andar. Seus pais conseguiram levantar através de doações e do seu seguro de saúde cerca de US$ 1 milhão para financiar as pesquisas no Duke University Medical Center. Os pesquisadores dessa instituição afirmam que já haviam feito esse mesmo transplante em 11 crianças com síndrome de Sanfilippo nos últimos três anos, e seis delas, segundo eles, passam bem.

Os pesquisadores, em geral, são cautelosos quanto à previsão de quando os avanços na pesquisa vão poder ser aplicados com segurança em tratamentos de humanos. "Apesar dos grandes avanços atuais, o campo de células-tronco ainda está em estágio inicial", comenta Ping Wu, da Universidade do Texas, nos Estados Unidos. "Nós esperamos que o uso de células-tronco venha a se tornar uma das melhores formas de cura de certas doenças, mas eu penso que ninguém sabe ao certo quando isso pode acontecer", opina Jong-Hoon Kim, do National Institute of Neurological Disorders and Stroke, também dos Estados Unidos. "Uma coisa que eu posso supor é que alguns cientistas podem usar essa tecnologia em testes clínicos em um futuro próximo", conclui Kim.

Entre as pesquisas que já haviam dado resultado em anos anteriores, em 2002, Jong-Hoon Kim e sua equipe publicaram o resultado de um estudo no qual geraram uma classe específica de neurônios a partir da cultura in vitro de células-tronco embrionárias. Os neurônios gerados foram usados para reverter sintomas de mal de Parkinson em ratos. Na ocasião, os pesquisadores defenderam que as células-tronco embrionárias seriam capazes de gerar tipos de células especializadas, que por sua vez, seriam terapeuticamente eficazes em animais.

"Células-tronco de embriões humanos, no entanto, são diferentes de células-tronco embrionárias de ratos no que diz respeito à morfologia, métodos de cultura e o seu comportamento", disse Kim à ComCiência por e-mail. "Além do mais, existem algumas diferenças mesmo entre linhas de células embrionárias humanas, dependendo de sua origem", acrescentou. "Apesar desses problemas, há vários cientistas que estão trabalhando com células-tronco embrionárias humanas em todo o mundo e eles estão conseguindo muitos resultados positivos para resolvê-los", afirmou.

Outra equipe do mesmo instituto de pesquisa norte-americano, liderada por Eva Mezey, apresentou em 2003 a hipótese de que alguns tipos de células da medula óssea - que os pesquisadores supõem sejam células-tronco - poderiam entrar no cérebro humano e produzir novos neurônios. Essa hipótese foi levantada a partir de um estudo em que os pesquisadores examinaram os tecidos do cérebro retirados na autópsia de quatro pacientes que haviam recebido transplante de medula óssea e sobrevivido por até nove meses. Mezey e seus colaboradores supõem que a irradiação ou algum outro tratamento recebido pelos pacientes pode ter facilitado a entrada das células no cérebro. Os pesquisadores verificaram que nos dois pacientes mais jovens estavam as áreas do cérebro com o maior número de neurônios derivados da medula. Mas eles não conseguiram ainda determinar que fatores de crescimento ou outros sinais induzem as células da medula óssea a entrar no cérebro e produzir neurônios.

Na Universidade do Texas, nos Estados Unidos, a equipe de Ping Wu também já havia apresentado em 2002 resultados de experimentos com células-tronco embrionárias isoladas do sistema nervoso central e transplantadas em ratos adultos, que apontaram a possibilidade de tratamentos futuros para doenças neurodegenerativas. Segundo os pesquisadores, o maior obstáculo, até então, é que a maioria das células-tronco isoladas do sistema nervoso central de adultos ou embriões não se diferenciavam em neurônios quando transplantadas em áreas não-neurogênicas do sistema nervoso central de um adulto.

O laboratório de Wu desenvolveu um procedimento in vitro que induz as células-tronco neurais humanas a iniciar sua diferenciação até um certo estágio. "Elas podem transformar-se em tipos específicos de neurônios, de acordo com o local onde são transplantadas", explica Wu. "Por exemplo, elas se tornam neurônios motores quando transplantadas para a medula espinhal", completa. Antes de iniciar os testes com humanos, os pesquisadores ainda estudam se os neurônios gerados são capazes de liberar neurotransmissores e se não há formação de tumor a partir das células-tronco embrionárias implantadas nas cobaias.

Outro estudo com células-tronco embrionárias que gerou resultados promissores em 2002 foi realizado pela equipe liderada por Clare Blackburn, da Universidade de Edimbugo, no Reino Unido. Os pesquisadores implantaram um tipo específico de célula-tronco epitelial em ratos com deficiência na produção de glóbulos brancos, o que resultou na recuperação dos níveis das células de defesa desses animais. Essa pesquisa gerou perspectivas para o desenvolvimento de novos tratamentos para problemas no sistema imunológico e melhora nos resultados de transplantes em pacientes com leucemia. Mas ainda é preciso estabelecer se essa célula específica pode ser encontrada em humanos e ser usada para regenerar a produção de glóbulos brancos.

Na defesa de estudos como esses, os pesquisadores Stuart H. Orkin e Sean J. Morrison, do Howard Hughes Medical Institute, dos Estados Unidos, em artigo publicado na revista Nature em 2002, observam que as células-tronco coletadas de tecidos de adultos são mais restritas que as embrionárias em seu potencial de desenvolvimento e capacidade de proliferação. Eles apontam como exemplo as células-tronco hematopoiéticas - ligadas à formação e desenvolvimento de células sanguíneas - que formam todo tipo de célula sanguínea in vivo, mas proliferam pouco em cultura in vitro. "Estudos recentes têm levantado a possibilidade de que algumas células-tronco adultas podem restaurar células fora do seu tecido de origem. No entanto, esses resultados são controversos e têm se demonstrado em geral de difícil reprodução", afirmam.

É o que aconteceu, durante um bom tempo, em relação às pesquisas que tentavam diferenciar células do músculo cardíaco em cultura in vitro. Em 1999, Shinji Makino e sua equipe da Universidade de Keio, no Japão, relataram no Journal of Clinical Investigation ter conseguido essa diferenciação a partir de células-tronco hematopoiéticas. Antonio de Carvalho, da UFRJ, explica que a capacidade das células-tronco hematopoiéticas e neurais de gerar diversos tipos de células - tecnicamente chamada de pluripotencialidade - permitia supor que essas células, se cultivadas em ambiente adequado, poderiam originar células cardíacas. "Vários laboratórios, inclusive o da UFRJ, tentam desde então, sem sucesso, reproduzir os resultados da equipe de Makino", conta.

"O sistema hematopoiético, porém, não é a única fonte de células-tronco para os transplantes cardíacos", emenda. O laboratório da UFRJ, que iniciou em 2000 um projeto de pesquisa com o objetivo de transplantar células-tronco para corações submetidos a infarto experimental, já conseguiu - ao lado de muitos outros laboratórios no mundo - isolar e cultivar por longo período células de medula óssea de ratos, induzindo-as a se diferenciar em células musculares cardíacas. O primeiro relato que descreve a diferenciação de células-tronco da medula óssea em músculos cardíacos, em camundongos infartados, foi publicado na revista Nature em abril de 2001, pela equipe de Donald Orlic, da Faculdade de Medicina de Nova York.

Apesar de ser um campo de pesquisa ainda em estágio inicial, como diz Wu, e não ser possível precisar em quanto tempo trará resultados em tratamentos de humanos, como afirma Kim, as pesquisas com células-tronco continuam avançando a cada ano, e cada nova descoberta impulsiona novas investigações em laboratórios de todo o mundo. Independente do avanço da pesquisa, o debate ético continua. E vice-versa."

13.6.06

HIV e Interações com o Hospedeiro

O vírus HIV apresenta 2 moléculas de RNA e as proteínas transcriptase reversa e protease em seu cerne. Externamente, apresentam uma glicoproteína chamada GP120, relacionada com o reconhecimento.

http://www.trcarc.org/1663/image/aids-virus.gif

http://www.trcarc.org/1663/image/aids-virus.gif

O vírus da aids parasita preferencialmente os linfócitos T CD4+; Esses são chamados linfócitos T auxiliares, importantes na apresentação de antígenos ao organismo, e apresentam o receptor CD4 na sua membrana. É através desse receptor que o vírus é reconhecido e esse penetra na célula.


http://webs.wichita.edu/mschneegurt/biol103/lecture15/hiv_cellbinding.gif

O receptores gp120 do vírus são reconhecidos pelos receptores CD4 do linfócito...

http://www.besttreatments.co.uk/btuk/images/HIVab_lifecycle_UK.gif

...Ao ser reconhecido, o vírus insere seus filamentos de RNA e enzimas na célula.

http://www.besttreatments.co.uk/btuk/images/HIVab_lifecycle_UK.gif

Além de linfócitos, o vírus pode invadir as células dendríticas e os macrófagos (que também possuem o receptor CD4). Como macrófagos e células apresentadoras são essenciais para a resposta imune, a destruição dessas células (quando o virus está no seu ciclo lítico), prejudica todo o sistema de defesa. Isso torna compreensível o fato de que o vírus é nomeado com aquele que causa deficiência imune humana.

http://www.roche-diagnostics.com.ar/info_salud/HIV/imagenes/cambios%20en%20la%20carga%20viral%20y%20CD4.gif

A medida que a infecção pelo HIV, as células CD4+ diminuem ( em verde). Com a degradação do sistema imune, doenças oportunistas podem se desenvolver. O tempo apresentado no gráfico é variável e depende do tratamento. Hoje a doença é considerada como doença de controle.

http://www.roche-diagnostics.com.ar/info_salud/HIV/imagenes/cambios%20en%20la%20carga%20viral%20y%20CD4.gif

MAIS DETALHES SERÃO DADOS NA AULA SOBRE DOENÇAS VIRÓTICAS

A guerra (genômica) dos sexos

(texto retirado de http://cienciahoje.uol.com.br/50002)



"Na coluna de maio, afirmei que o genoma humano tem 23 cromossomos, motivando vários e-mails dizendo que eu havia errado e que o número correto era 46! Na verdade, não é um fato muito sabido que a expressão “genoma” se refere sempre a um conjunto haplóide. Isto leva a uma conclusão muito interessante: então, nós humanos não temos só um genoma, mas dois! De fato, todas nossas células somáticas contêm um genoma que veio de nosso pai e outro de nossa mãe. O mais fascinante é que estes dois genomas são funcional e estruturalmente diferentes e parecem mesmo competir, disputando a supremacia no controle do embrião em desenvolvimento – uma guerra genômica dos sexos!!! Este tópico, além de intrinsecamente fascinante, é especialmente apropriado para a coluna de junho, o mês dos namorados...

Qual então é esta diferença entre o genoma paterno e o materno? Bem, ao ser produzido um espermatozóide o seu genoma haplóide é estampado, carimbado, com os dizeres: “procedência: macho”. Por sua vez, o genoma haplóide do óvulo é analogamente carimbado com os dizeres: “procedência: fêmea”. Esta estampagem genômica (em inglês, genomic imprinting) é feita pela modificação química - metilação - de citosinas (uma das quatro bases do DNA) na região controladora de alguns genes. Basta dizer aqui que esta metilação faz com que os “genes estampados” (conhecemos hoje ao redor de 60 deles em humanos) não sejam expressos naquele genoma específico. Observem bem que a 5-metil-citosina formada pela metilação da base continua sendo uma citosina e comporta-se como tal no pareamento e duplicação do DNA. Assim, este fenômeno não constitui uma mutação genética per se e sim uma modificação que chamamos de epigenética.

Zigoto humano recém-formado no qual é possível notar os pronúcleos masculino e feminino. A "teoria do conflito genético" postula que o genoma materno e paterno competem por meio da inativação de certos genes (foto: MouseWorks, Inc./www.visembryo.com).

Na concepção, um embrião viável só se desenvolverá se o zigoto diplóide se formar pela fusão de um genoma haplóide feminino e de um genoma haplóide masculino. A união de dois núcleos femininos, de óvulos, por exemplo, leva a uma proliferação desordenada dos tecidos fetais, que termina na morte do concepto. Isto é visto ocasionalmente em alguns tumores ovarianos chamados teratomas. Por outro lado, a concepção feita a partir de dois genomas masculinos está associada com falha de desenvolvimento embrionário e proliferação exagerada dos tecidos da placenta, formando a chamada mola hidatiforme. Ocasionalmente estes tecidos molares podem evoluir para a formação de um tumor maligno, chamado coriocarcinoma.

Esta imposição da reprodução sexual por tal barreira biológica lembra uma piada que, salvo engano, era contada em priscas eras pelo Zé Vasconcelos. Em um bar havia um grupo de brasileiros quando de repente um deles (cuja origem geográfica vou omitir) grita: na minha terra somos todos machos!!! O mineirinho, assentado em um canto, então retruca mansamente: “Pois lá em Minas nóis é metade macho e metade fêmea e nóis tamo se dando muito bem!” Bem, os mamíferos são mineiros no aspecto reprodutivo...

Conflito genético
E a guerra dos sexos mencionada acima? Observou-se que genes que promovem o crescimento fetal são sujeitos a estampagem genômica e geralmente são ativos no genoma paterno, mas inativados por metilação no genoma materno. Por exemplo, o genoma paterno expressa o gene IGF2 que codifica um importante fator de crescimento; este gene está inativo no genoma materno. Por sua vez, o genoma materno expressa um outro gene (IGF2R) que codifica uma proteína que degrada o excesso do fator de crescimento IGF2; em contrapartida, este gene está metilado no genoma paterno. Uma lista das funções de alguns genes sujeitos a estampagem genômica em camundongos pode ser encontrada no site www.mgu.har.mrc.ac.uk/research/imprinting/function.html.

Na fecundação, os genomas materno e paterno se combinam para formar o núcleo diplóide do zigoto
(foto: reprodução / SJ DiMarzo).

A observação destas assimetrias epigenéticas levou à gênese da chamada “teoria do conflito genético”, segundo a qual o genoma paterno está “interessado” na produção de um feto grande e viável, que tenha máxima chance de sobrevivência e extraia o máximo de nutrientes da mãe durante a gravidez e mesmo no pós-parto. Já a mãe teria um “interesse” óbvio de manter o feto pequeno com menores custos para ela. Estes “interesses” se manifestariam de forma mais aguda em situações em que uma fêmea pode engravidar de machos diferentes. Vocês devem estar pensando com seus botões que isto parece mais uma estória da carochinha evolucionária. Concordo. Mas a perspectiva não deixa de ser fascinante, não?

Já que genes sujeitos a estampagem são tão importantes no desenvolvimento de mamíferos, é de se esperar que mutações nestes genes possam causar doenças. Realmente já foram descritas várias enfermidades associadas a genes estampados em humanos, geralmente afetando crescimento fetal, hormônios após o nascimento e comportamento adulto. A síndrome de Beckwith-Wiedemann, por exemplo, caracteriza-se por gigantismo no recém-nascido e uma série de outros distúrbios, inclusive predisposição a certos tumores. Ela é vista em casos de microdeleção da região 11p15.5 do cromossomo 11 materno. Esta deleção acaba levando a um excesso de expressão do fator de crescimento IGF2 já mencionado acima, resultando no crescimento exagerado do feto. Outras doenças humanas que envolvem genes estampados são a síndrome de Prader-Willi e a síndrome de Angelman. Ambas são causadas por deleções da mesma região do cromossomo 15, sendo a primeira relacionada a deleções paternas, e a segunda, a deleções maternas.

Em bovinos produzidos por clonagem, freqüentemente ocorre um quadro letal com hipercrescimento fetal muito similar ao da síndrome de Beckwith-Wiedemann. Isto sugere que ocorram problemas na regulação da expressão de IGF2 nestes animais. De fato, durante o desenvolvimento embrionário inicial acontece uma reprogramação da estampagem genômica e acredita-se hoje que os problemas de baixíssima eficiência na produção de mamíferos por clonagem estejam relacionados a distúrbios neste processo.

Fertilização assistida
Embora nos últimos anos tenha ocorrido um grande avanço e aperfeiçoamento das técnicas de fertilização in vitro em humanos e outros mamíferos, o processo ainda é acompanhado de significativas limitações. Grande parte dos embriões não se implantam e/ou não se desenvolvem. Além disso, foi descrita uma taxa aumentada de malformações congênitas em crianças que são produtos de fertilização assistida, especialmente quando precursores de espermatozóides são usados ao invés de gametas maduros.

Mais preocupante ainda é o relato do aumento de incidência das síndromes de Beckwith-Wiedemann e Angelman em bebês produzidos por fertilização assistida. O número de casos descritos é pequeno e pesquisas mais aprofundadas, em ambiente acadêmico, serão necessárias para esclarecer estas possíveis associações. Se for comprovado que anomalias do processo de estampagem genômica podem ocorrer durante o período embrionário vulnerável, a identificação dos genes envolvidos pode oferecer perspectivas de controle e melhoria no sucesso dos procedimentos atuais de fertilização assistida.

A modificação epigenética da base citosina por metilação e a transmissão hereditária desta característica levantam a possibilidade de que o ambiente possa modular a estrutura genômica de mamíferos de uma maneira que possa ser transmitida à próxima geração. Isto levaria à herança de caracteres adquiridos, uma proposta originalmente feita por Jean-Baptiste de Lamarck no século 18. Falar nisso hoje constitui heresia científica do mais elevado grau. Será mesmo? Trataremos disto na coluna do próximo mês: até lá!

Sergio Danilo Pena
Professor Titular do Departamento de Bioquímica e Imunologia
Universidade Federal de Minas Gerais
09/06/2006"

12.6.06

links interessantes

outro dia indiquei o blog de divulgação científica http://cienciaemdia.zip.net/.
hoje indico um site muito interessante (especialmente para vestibulandos): O DNA vai a Escola
com várias atividades sobre genétic.

As cinco competências avaliadas pelo ENEM

O Enem é elaborado para avaliar cinco competências:

1 - domínio da norma culta da língua portuguesa e capacidade de utilizar linguagens matemática,

artística e científica.

2 - capacidade para construir e aplicar conceitos das várias áreas do conhecimento para a

compreensão de fenômenos naturais, de processos histórico-geográficos, da produção

tecnológica e das manifestações artísticas.

3 - capacidade para selecionar, organizar, relacionar e interpretar dados e informações

representados de diferentes formas, para tomar decisões e para enfrentar situações-problema.

4 - capacidade para relacionar informações, representadas em diferentes formas, e

conhecimentos disponíveis em situações concretas, para construir argumentação consistente.

5 - capacidade de recorrer aos conhecimentos desenvolvidos na escola para elaboração de

propostas de intervenção solidária na realidade, respeitando os direitos humanos e

considerando a diversidade sociocultural.

O exame abrange, ainda, a competência de ler, compreender, interpretar e produzir

textos envolvendo todas as áreas e disciplinas que compõem a atividade pedagógica da

escola.

Pressupõe, portanto, instrumental de comunicação e expressão adequado tanto para a

compreensão de um problema matemático quanto para a descrição de um processo físico,

químico ou biológico e, mesmo, para a percepção das transformações de espaço/tempo da

história, da geografia e da literatura.


fonte: cartilha do enem oferecida no site do INEP

8.6.06

Pratica Culinaria de Biologia

vi o site http://paginas.terra.com.br/negocios/ranamig/contato.htm e mandei o recado:

"oi
sou professor de biologia e gostaria de fazer uma pratica com meus alunos associada a um almoço (estudar uma rã e comê-la depois).
Gostaria de saber se vocês vendem ras vivas, e qual o preço. sou de belo horizonte.

um abraço"

7.6.06

novas:aids, alcool, reflexo, cont. transplacentária, outras...

triste, frustado e com um pouco de raiva.

lá vão as tradicionais perguntas da semana (nao respondidas na monitoria):

1. (da semana passada): virus da aids, interações com hospedeiro e leucócitos
2. (idem) quais terapias gênicas são utilizadas hoje?
3.Qual a influência do álcool no sistema nervoso?
4. O que é o reflexo patelar?
5.Quais doenças são transmitidas pela placenta? por que algumas doenças sao transmitidas por essa via e outras não?
6.Qual a relação do vitelo do ovo com sua velocidade de clivagem? o que explica essa relaçao?
7.o que são desmospongiários? quais outros grupos de esponjas?
8. Por que a progesterona impede a descamação?
9.Fermentação lática é exclusiva de bactérias? E fermentação alcóolica é exclusiva de leveduras?

enfim...muito trabalho pra essa semana...

alguem ajuda ae?

6.6.06

ERRATA2: Rotavirus tem vacina

tem vacina e o Brasil vai ser um dos primeiros a inclui-la no calendário nacinal de vacinação:



"Em uma ação pioneira em qualquer serviço de saúde público no mundo, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece gratuitamente, a partir do dia 6 de março, a vacina contra o rotavírus, responsável por grande parte dos casos e óbitos causados por doenças diarréicas agudas em crianças, em todo o mundo. Com a implantação da vacina, o governo federal, os estados e os municípios esperam evitar cerca de 850 mortes nessa faixa etária, a cada ano, no Brasil. A redução corresponde a 34% do total de óbitos que ocorrem em menores de cinco anos por doença diarréica aguda, de acordo com estudos sobre o uso da vacina em crianças.

Outro impacto que a vacina trará é uma redução de até 42% das internações por gastrenterite infecciosa, também na faixa etária de menores de cinco anos. Isso significa menos 44.469 atendimentos nas unidades de saúde.

Entre os preparativos para a implantar a vacina, o Ministério da Saúde já finalizou o envio do primeiro lote do produto aos estados, totalizando 539,2 mil doses. Serão aplicadas duas doses da vacina, uma aos dois meses, e outra aos quatro meses de idade, junto com as demais vacinas previstas no calendário básico de vacinação infantil do Ministério da Saúde.

A incorporação da vacina contra rotavírus ao calendário básico de vacinação da criança representa um significativo avanço para a saúde, uma vez que o Brasil é o primeiro país do mundo a oferecer esta vacina na rede pública. A vacina estará à disposição da população nos postos de saúde e, como será oferecida rotineiramente, não há a necessidade de uma campanha de mobilização.

No Brasil, nascem mais de 3 milhões de crianças por ano. Portanto, para atender à demanda nacional, foram adquiridas 8 milhões de doses da vacina, produzida pelo laboratório GlaxoSmithKline, ao custo unitário de U$ 7,00, ou cerca de R$ 15,00. Na rede privada, a vacina contra o rotavírus chega a custar R$ 200,00 a dose.

http://portal.saude.gov.br/portal/aplicacoes/noticias/noticias_detalhe.cfm?co_seq_noticia=24264"

Agradecimentos a Maíra Gatos.

Para saber mais, clique aqui.
(br.geocites.com/celulandobiologia/perguntasrotavirus )

4.6.06

Soluço

Li hoje em http://cienciahoje.uol.com.br/3292:


"O que é soluço? O que acontece no corpo human quando soluçamos?
Pergunta enviada por Cristiana Santos Vieira, Belo Horizonte (MG)


O soluço caracteriza-se por um espasmo repentino e involuntário do diafragma, músculo que separa o tórax do abdômen, tem papel fundamental na respiração e está conectado ao nervo frênico. O soluço acarreta uma inspiração rápida e curta, que altera o ciclo respiratório. Seu ruído decorre do fechamento súbito da glote, que produz vibração nas cordas vocais. Normalmente, o soluço é assintomático, mas pode provocar desconforto. Desaparece espontaneamente, na maioria das vezes em alguns minutos.
O soluço é causado por qualquer irritação do nervo frênico ou do diafragma, o que acontece em várias situações do dia-a-dia: distensão gástrica pela ingestão de bebidas com gás, deglutição de ar ou alimentação em grande volume; mudanças súbitas da temperatura de alimentos ingeridos; modificações da temperatura corporal (como sauna seguida de ducha gelada); ingestão de bebidas alcoólicas; ou até mesmo gargalhadas. Quando as crianças comem rapidamente, por exemplo, algumas vezes engolem ar. Nesse caso, o ar engolido, sem ter para onde ir, pode sair na forma de soluços. Entretanto, o soluço pode ser persistente ou recorrente, o que pode estar relacionado a: acidente vascular cerebral, tumor cerebral, insuficiência renal devido ao aumento da tireóide, esofagite, pneumonia, tumores de cabeça, pescoço ou abdômen, hepatite ou pancreatite. A anestesia geral também pode acarretar soluço.

Geralmente, os quadros agudos e benignos de soluço podem ser resolvidos com algumas manobras, como puxar a língua para fora, ingerir uma colher de açúcar, pão seco ou gelo triturado, prender a respiração, beber um copo de água fria, assoar o nariz, dobrar as pernas sobre o abdômen, respirar em um saco de papel e fazer gargarejo com água. O alívio da distensão abdominal por eructação (arroto) também melhora o soluço. Quando o soluço é de tal intensidade que faz o indivíduo procurar assistência médica, geralmente já está presente há pelo menos várias horas ou dias. O tratamento deve ser direcionado às suas causas, descobertas a partir de vários exames (neurológico detalhado, de sangue e radiológico).


Patrícia Rieken Macedo Rocco
Laboratório de Investigação Pulmonar,
Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho,
Universidade Federal do Rio de Janeiro"

3.6.06

ERRATAS: antibióticos (apenas antimicrobianos) e síntese de uréia

Falei manota. (manota é uma expressao da época de quem assistia thundercats e jaspion. quem diz manota é um manoteiro).

MANOTA NA MONITORIA: Antibiótico é um antimicrobiano. Ele age em bactérias, mas nao em virus (para os quais usamos antivirais, como eu falei corretamento) nem em helmintos (para os quais usamos antihelmínticos). [ na monitoria afirmei que antibioticos tb eram usados contra helmintos, oq está incorreto].


MANOTA NO BLOG:A formação de uréia a partir da amônia ocorre no fígado, não nos rins. (esse erro ridículo já foi modificado no post original).





Agradecimentos a maravilhosa Grazi pela iluminação sobre antibióticos.